Setor eólico se articula para ter força na COP27

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Setor eólico se articula para ter força na COP27

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Publicado por Valor Econômico em ENERGIA · Terça 18 Out 2022 ·  4:00
Diante da falta de ambição dos governos em ações mais contundentes no combate a mudanças climáticas, o setor eólico está traçando planos para a COP27, marcada para novembro no Egito, com o objetivo de tentar quadruplicar as instalações eólicas no mundo.

Recentemente, o Conselho Global de Energia Eólica (GWEC, na sigla em inglês) lançou manifesto apontando os desafios e oportunidades do setor. A mensagem principal é que sem acelerar as ações para aumentar a energia eólica e renovável nesta década, o mundo não atingirá a meta global de zerar as emissões líquidas até 2050.

A tarefa dos empresários não será fácil: convencer os líderes do mundo em acelerar os planos para a fonte, enfrentar uma crise global das cadeias produtivas e abrir mão de subsídios.

Ao Valor, o chairman do GWEC e vice-presidente Sênior Global de Marketing, Comunicação, Sustentabilidade da Vestas, Morten Dyrholm, conta que apesar dos significativos avanços ocorridos nos últimos anos, ainda é pouco para manter o mundo na rota de combate ao aquecimento global e atingir a meta.

“Agora precisamos de escala. Não é nem uma questão financeira, pois existe muito dinheiro disponível para investir em renováveis. Isso requer decisão política, que será discutida na próxima COP e nos anos seguintes”, afirma.

O executivo vem ao Brasil para o Brazil Windpower, principal evento do setor que ocorre nesta semana, e conta que parte do trabalho tem sido convencer os governos a acelerar investimentos em energia eólica em terra e no mar. “Isso tem sido uma jornada lenta. 80% do mundo depende de combustíveis fósseis se você olhar o mix de energia”, diz. “Contudo, nos últimos seis meses, desde a invasão da Ucrânia, a independência energética está na agenda. Temos visto uma enorme corrida de novos níveis de ambições para aumentar drasticamente as renováveis, dos EUA, Europa, de solar e eólica, seja ‘onshore’ ou ‘offshore’.”

O Brasil é o sexto no ranking mundial de energia eólica em terra, somando 22 gigawatts (GW) de capacidade instalada, atrás de China, EUA, Alemanha, Índia e Espanha. Na última COP, em 2021 na Escócia, o país teve atuação apagada e o presidente Jair Bolsonaro (PL) não foi ao encontro.

A ausência do chefe de Estado brasileiro no evento do clima fez com que governadores e empresários assumissem o protagonismo numa tentativa de apresentar ao mundo as boas ações do Brasil.
Morten avalia que o país é um caso em que os investidores têm confiança para investir. Porém, a decisão da americana GE Renewable Energy de suspender a produção de novas turbinas eólicas no Brasil levantou o temor de uma possível escassez de máquinas e aumentos de preços no setor.

O grande desafio do executivo é convencer os líderes negacionistas a abandonarem os combustíveis fósseis e se abrirem para a força dos ventos. Na lista estão Daniel Ortega, na Nicarágua; López Obrador, do México; e o ditador Alexander Lukashenko, de Belaru. Por aqui, o governo brasileiro diz que estimula a fonte, mas subsidia o carvão e projetos no mar aguardam regulamentação da União.

“Teremos reuniões cara a cara para propor soluções específicas. Nós da indústria temos o conhecimento do que está acontecendo. Isso os legisladores muitas vezes não têm”, frisa.

Se o mundo migra para uma energia de custo marginal zero e não faltam recursos nem tecnologia específica para tanto, a pressão inflacionária e o desarranjo das cadeias de suprimento faz a balança pender para o lado oposto.

O executivo reconhece que os fabricantes de turbinas e fornecedores de matérias-primas estão sofrendo, o que, segundo ele, se deve a falta de clareza no pipeline de projetos.

Acelerar o incremento de capacidade instalada passaria pela simplificação do licenciamento dos projetos. “É algo que precisamos fazer: diminuir o tempo de permissão, reduzir o tempo de aprovação de um projeto. A boa notícia é que é algo fácil de fazer. Temos a tecnologia, o dinheiro, não precisamos de subsídios, o que precisamos é arrumar as barreiras que estão no nosso caminho”, afirma.

A questão é que flexibilizar o processo de licenciamento costuma ser complicado. Já sobre os incentivos, falta combinar com o setor brasileiro. A fonte cresceu tendo o Estado como o indutor de uma política energética baseada em subsídios. Tanto que a Abeeólica, associação que representa o setor, tentou prorrogar por 24 meses os subsídios a projetos de energias renováveis com desconto nas tarifas de uso dos sistemas de transmissão e de distribuição.


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